O termo câncer é utilizado genericamente para representar um conjunto de mais de 100 doenças, que possui em comum o crescimento desordenado de células que comprimem ou invadem tecidos e órgãos. Entre os tipos de câncer, as neoplasias hematológicas são doenças que se expressam por alterações localizadas no sangue ou em tecidos formadores dele. As doenças hematológicas, conhecidas como leucemias, linfomas e síndromes mielodisplásicas, possuem para 2013 estimativa de 18.150 casos novos no Brasil.
Apesar da leucemia ser entre os tipos de câncer um dos menos incidentes, ainda é uma neoplasia hematológica de importante relevância clínica, pois no mundo ocorrem 257 mil casos novos dessa doença por ano.
Um dado curioso e que deve nos deixar em alerta é o de que as leucemias representam o tipo mais comum de câncer da criança e do adolescente, sendo que as formas agudas da doença correspondem a cerca de 97% dos casos. O tipo mais comum de leucemia na criança e no adolescente é a linfóide aguda. A leucemia mielóide aguda é mais comum no adulto. A incidência estimada das leucemias é de 3 a 4 casos para cada 100 mil crianças com menos de 15 anos de idade, sendo seu pico de prevalência na faixa etária entre 2 e 5 anos de idade.
Para nos trazer mais informações sobre esse tema, convidamos o professor Rodrigo Taminato, especialista em hematologia, mestre em farmacologia e doutor em saúde pública. Ele ministrará um módulo na nossa pós-graduação em Hematologia Laboratorial e nos trouxe muita informação sobre o assunto. Confira:
Assista a entrevista na íntegra sobre “Crianças também podem desenvolver leucemias” Por Nehemias Lima – Jornalista.
O QUE SÃO ESSAS NEOPLASIA HEMATOLÓGICAS?
São os famosos cânceres de medula óssea, em sua maioria, muito graves com alta taxa de letalidade e muitas em períodos precoces a partir do diagnóstico. Muita gente conhece como câncer no sangue. A neoplasia hematológica maligna mais conhecida é a leucemia, mas temos outras como os linfomas e síndromes mielodisplásicas, por exemplo. Somadas as neoplasias hematológicas em suas novas classificações mais atuais, elas beiram os 150 subtipos diferentes.
ISSO CHEGA A ASSUSTAR, VOCÊ CONCORDA?
Sim, mas sabemos que coma chegada da genética, da biologia molecular, das novas tecnologias de diagnóstico de investigação clínica e laboratorial, a ciência conseguiu aprofundar um pouco mais nessas doenças, conhecer suas particularidades para ser mais assertivo no tratamento e isso acaba colaborando para tratamentos mais eficientes, reduzindo a taxa de letalidade, por exemplo.
COMO É A QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS QUE TÊM ESSAS NEOPLASIAS, HOJE?
Hoje em dia a situação está bem melhor. Essas novas estratégias e tecnologias possibilitaram que a gente consiga aumentar a sobrevida das pessoas e é possível uma pessoa viver mais de 20 anos com uma doença como essa, o que era muito raro anos atrás.
NO BRASIL, É MUITO COMUM TERMOS ESSES TIPOS DE DOENÇAS HEMATOLÓGICAS?
O INCA através do departamento de Epidemiologia lança as estimativas bianuais da quantidade de pacientes que provavelmente serão diagnosticados com leucemia e o que mostra o cenário é que a proporção vem aumentando a cada biênio. Os resultados são expressivos e dentre os 10 principais tipos de cânceres mais comuns na sociedade brasileira e mundial também, há pelo menos 15 anos, a leucemia está entre a que mais aumentou o número de casos.
É, de fato, uma informação temerária para a sociedade. A maioria dos cânceres se desenvolvem em sua maioria em pacientes idosos, mas a leucemia, principalmente a linfoide aguda acomete principalmente crianças. Entre crianças de 0 a 9 anos, o mais comum é a linfoide aguda. Existem esses dois polos de extremidade, porém os intermediários entre essas idades também são acometidos, porém não em tamanha proporção.
EXISTE ALGUM ESTUDO SOBRE ALGUMA FORMA DE PREVENÇÃO DESSAS NEOPLASIAS?
Infelizmente não temos uma boa resposta para isso. Os pacientes geralmente sempre questionam o que fizeram para ter essas doenças. Questionam se é porque beberam, porque fumaram, etc mais de 90 % dos casos são considerados idiopáticos (têm causa desconhecida).
De maneira geral, há fatores de risco. Obviamente se você tem uma boa qualidade de vida e bom estilo de vida isso ajuda em algum sentido, mas não evita.Não é como o câncer de colo de útero que se uma mulher tomar uma vacina contra HPV ou tiver um sexo protegido e fizer exame do papanicolau ela dificilmente terá um câncer.
No câncer de pele por exemplo se você evitar exposição exagerada ao sol por exemplo, é mais difícil desenvolver esse câncer, porém não há nada que garanta que você não terá uma leucemia, infelizmente. O que pode se fazer é o tratamento e as devidas orações para que o mal seja tratado.