Psicopedagoga auxilia comunidade brasileira no enfrentamento ao autismo nos EUA

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta uma série de características peculiares que podem ser modificadas de pessoa para pessoa. Dessa forma, as intervenções de tratamento também precisam ser diversificadas a fim de atender cada paciente com o grau de precisão que ele precisa. O ABA (ciência que se baseia no aprendizado e que visa reforçar os bons comportamentos, modelar comportamentos inapropriados e a partir da função do comportamento, ensinar novas habilidades) está entre as principais técnicas.

Trata-se de uma ciência estudada desde 1960. Neste sentido, tem garantido resultados significativos para a vida de pessoas diagnosticadas com autismo desde então.

“ABA” é a abreviação para Applied Behavior Analysis que é Análise do Comportamento Aplicada, em português.

Para falar mais sobre esse tema, o Instituto GPI convidou a pedagoga e psicopedagoga Lays Leite. Ela foi pra Orlando-FL, nos Estados Unidos, para estudar e se aprimorar sobre o autismo e hoje auxilia a comunidade brasileira que lá vive e que se encontra dentro do espectro autista.

A profissional é Terapeuta de Intervenção no Ensino Estruturado-TEACCH®, pós-graduanda em ABA, especialista em Autismo e também atua como consultora familiar. Confira o nosso bate-papo:

Dra. Lays Leite Pedagoga e Psicopedagoga

VOCÊ DESENVOLVE ALGUNS TRABALHOS VOLUNTÁRIOS COMO ORIENTAÇÃO A PAIS, ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZADO PARA AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES E PARTICIPA COMO PALESTRANTE DE ALGUNS EVENTOS A FIM DE AJUDAR A COMUNIDADE BRASILEIRA NOS EUA. COMO TEM SIDO ESSA EXPERIÊNCIA?

A comunidade brasileira nos EUA é muito grande e a maioria dos estudos e avanços na ciência relacionados ao autismo partem daqui, dos EUA. As famílias brasileiras quando têm diagnóstico de seus filhos com autismo muitas vezes migram para cá em busca de intervenções mais precoces e pontuais. Então, conseguimos fazer parte da vida de muitos brasileiros aqui.

SEU TRABALHO DE ORIENTAÇÃO E SUPORTE A ESSES PAIS DEVE FAZER MUITA DIFERENÇA.

Sim, quando recebemos um caso novo de autismo em consultório, desenvolvemos um trabalho interventivo com o indivíduo, mas acabamos também trabalhando em rede com toda a família, até mesmo para o sucesso do tratamento. Por se tratar de um transtorno, o tratamento é interventivo, devemos criar oportunidades para desenvolver o indivíduo e sanar as dificuldades.

É COMO SE FOSSE UMA REDE DE ATENDIMENTO A TODOS OS ENVOLVIDOS DA PESSOA DIAGNOSTICADA COM TEA?

Isso. As três principais características que trabalhamos com quem é diagnosticado com autismo são a socialização, a linguagem e a comunicação. Então nós trabalhamos essas características como base, mas estendemos aquele momento de terapia com orientação aos pais, família e comunidade que norteia o indivíduo com autismo, até porque o tratamento deve continuar fora das paredes do consultório.

QUAIS TIPOS DE ORIENTAÇÕES SÃO REPASSADAS NESSES MOMENTOS COM AS FAMÍLIAS?

Dentre as orientações que passamos, mencionamos como evitar crises, como brincar de uma forma funcional, como desenvolver a questão da linguagem. Nós adultos temos o hábito de falar com as crianças no diminutivo e orientamos que isso não aconteça. São mudanças comportamentais que podem ajudar no comportamento dos filhos. Escutar os pais, entender o processo e orientar faz parte da nossa rotina.

É POSSÍVEL PERCEBER ALGUMA DIFERENÇA ENTRE PESSOAS COM O TEA NAS DIFERENTES PARTES DO MUNDO?

Existem alguns pontos de vista sobre isso. Aqui nos EUA, por exemplo, 100% da intervenção é baseada no ABA, ou seja, baseada na Análise do Comportamento Aplicada. No Brasil, a realidade já é outra.

EXPLICA MAIS SOBRE ESSA DIFERENÇA.

O ABA é uma ciência que se baseia em uma aprendizagem que visa reforçar os bons comportamentos. Sendo assim, considera diversos princípios comportamentais. Aqui nos EUA, todos têm acesso ao ABA e no Brasil, por outro lado, são poucos indivíduos com TEA que têm acesso, mesmo com plano de saúde. Em relação à tratamento e intervenção, aqui nos EUA ele acontece de fato, na prática, inclusive com a presença de vários profissionais como fonoaudiólogos, terapeuta ocupacional, fisioterapeutas, nutricionistas e demais profissionais. No Brasil isso já não acontece com a mesma frequência.

A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR QUE VOCÊ MENCIONOU É DE SUMA IMPORTÂNCIA EM TODO O PROCESSO, CERTO?

Sim, é um trabalho em rede. Todos nós ajudamos e contribuímos para o sucesso do tratamento e do desenvolvimento do indivíduo. Para aplicar os protocolos necessários para desenvolver o indivíduo e sanar dificuldades, o trabalho é conjunto onde todos esses profissionais participam e o ABA é o que norteia essas ações. Esperamos que no Brasil essa realidade possa chegar também e mais pessoas sejam assistidas da forma correta.

Assista a entrevista na íntegra sobre Psicopedagoga auxilia comunidade brasileira no enfrentamento ao autismo nos EUA” Por Nehemias Lima – Jornalista.

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